Donnerstag, 24. Mai 2012

A realidade, diante da hipocresia

Bom dia amigos!

Há alguns dias, assisti com o meu esposo, uma entrevista com a senhora Margot Honecker, ex-Ministra da Educacao da extinta República Democrática Alema (RDA), ou Deutsche Demokratische Republik (DDR).  Ficamos impressionados, com o sinismo e a mente doentia e fantasiosa dessa senhora, de cabelos brancos, fala branda e gestos calmos.
As pessoas que se interessam pela história e política da Alemanha, sabem quem é ela. Ela é a viúva do ex-Presidente Erick Honecker, que com braco de ferro comandou durante mais de 20 anos a Alemanha Oriental.

 http://www.dw.de/dw/article/0,,15859250_page_0,00.html

Como eu costumo falar, meu esposo é história viva, e através dele pude conhecer um pouco sobre a realidade vivida pelos alemaes do lado comunista, que apesar de ser denominada de República Democrática, nao havia democracia de nenhuma forma, pois o povo nao tinha liberdade de expressao, e quando tinham, era uma liberdade vigiada.

As inúmeras tentativas de fugas nao ocorriam apenas por brincadeira, o povo queria viver, no mais verdadeiro sentido da palavra.

Esta senhora, era quem comandava as creches abarrotadas de criancas "denominadas órfaos". Falo denominadas, pois na realidade eles tinham pai e mae, só que os pais que tentavam fugir do país, tinham seus filhos tirados, e levados para essas creches. Muitos jamais iriam rever seus pais, que eram levados para as prisoes e tratados como inimigos do Estado. Muitos, nao suportavam as torturas e nem chegavam a sair dalí com vida. Aquelas maes que tentavam fugir, eram denominadas "Rabenmutter"  - mae desnaturada (o termo tem origem na relacao entre os corvos e os seus filhotes, que segundo alguns biólogos puderam observar, sao abandonados à própria sorte pelas maes no ninho, mesmo antes de criarem suas próprias penas para voar) , e é uma expressao bastante negativa e que até hoje é uma ofensa a qualquer mae, e que nao é usado nem por brincadeira. 

Qualquer pessoa que tenha acompanhado as inúmeras e ricas reportagens sobre a vida real na Alemanha Oriental, fica chocado, e porque nao dizer até mesmo furioso com a reportagem da senhora Margot Honecker, independentemente da nacionalidade que tenha, pois, como meu esposo fala, o regime político daquela época, era até mesmo comparável ao regime do Ditador Adolf Hitler, a diferenca é que os prisoneiros no país eram os próprios alemaes.

Abaixo, segue parte do texto de um trabalho de pesquisa que venho há anos realizando, a título de informacao.


"Antes da construcão do muro que separava o lado oriental do lado ocidental, o conhecido Muro de Berlim, o que os separava eram apenas cercas de arames farpados, e essas eram vigiadas por guardas armados, para evitar a fuga dos cidadãos insatisfeitos com o Regime Comunista. A maioria da populacão não concordava com o comunismo que havia sido implantado na Alemanha Oriental, desde a ocupacão da chamada até então União Soviética, no final da Segunda Guerra Mundial. Com a clara insatisfacão demonstrada pelo povo, o que ocasionava fugas em massa para o lado Ocidental, os governantes decidiram pela construcão de uma barreira que contivesse os desejosos de fugir. Mas como a cerca de arame farpado não surtia muito efeito, construiu-se um muro, o que também não surtiu o efeito desejado. Então, foi decidido que além do muro, haveria também outros obstáculos como fossos profundos que foram cavados além do muro e rolos de arames, além dos guardas que tinham autorizacão para atirar em quem quer que fosse, o que passou realmente a dificultar as fugas, mas não a impedir completamente.

Porém, alguns casos de fugas são considerados um feito e entraram para a história, como são mostrados até hoje pela TV alemã. Há um caso bastante interessante, que é o de um pequeno vilarejo, que em uma madrugada, todos os seus moradores, homens, mulheres e criancas, após um pacto de silêncio entre eles, abandoraram a cidadezinha sem deixar nenhum rastro, e surpreendentemente ninguém foi preso ou pego durante essa arriscada tarefa. Até hoje esse vilarejo parece uma cidade fantasma, pois pode-se ver ainda nas janelas das casas, as cortinas penduradas. Os móveis, eletrodomésticos, brinquedos, e tudo o que se possa imaginar permaneceram intáctos, como se estivessem a espera de seus antigos donos, que jamais retornariam.
Houve também casos de pessoas que se esconderam embaixo dos acentos dos carros para passarem pelo controle da fronteira, que eram vigiadas permanentemente por guardas armados, e com permissão de prender ou atirar, arriscando-se perigosamente.
Há um caso que não posso deixar de mencionar, que me emocionou bastante, pela ousadia e pela determinacão. Um jovem soldado que vigiava uma das ruas movimentadas, e que era separada apenas por cercas de arames farpados, aproveitando a passagem de um ônibus que circulava do lado ocidental, e que se encontrava com as portas abertas, com uma rapidez e determinacão impressionantes, soltou a sua arma, saltou sobre a pequena cerca e entrou no ônibus, deixando literalmente para trás uma vida, família, amigos, e seguiu em busca de um futuro melhor, mas incerto.  
Outra fuga impressionante que foi registrada, foi a de um grupo de amigos e parentes que cavaram um túnel de 140 metros de comprimento, que possibilitou a fuga de 57 pessoas.
Foram muitos casos de fuga, mesmo depois da construcão do tão conhecido muro, quese deu de várias formas: em balão de ar, em mini-submarino, em caixotes de instrumento, caixa de som, e tantas outras formas mirabolantes, perigosas e ao mesmo tempo muito corajosas. Todas essas e tantas outras fugas, mostram apenas como o povo não estava satisfeito com o regime de governo adotado na Alemanha Oridental, que cada vez mais reprimia o seu povo com embargos e sansões que ao invés de tornar seu povo satisfeito e feliz, o tornava cada vez mais arredio e infeliz.
Não havia liberdade de expressão, viagens tinham que ser realizadas apenas para os países com regime de poder igual, e deveria ser feita uma solicitacão de autorizacão com antecedência, podendo o candidato ter a autorizacão confirmada ou negada. Ninguém estava livre da vigilância do governo, pois até mesmo um parente próximo, um amigo íntimo, poderia ser um membro da polícia secreto do Governo, os chamados “Stasis” (sigla para Staatssicherheit que significa Seguranca do Governo). Escutas eram instaladas em todas as partes, caso um cidadão estivesse sob a suspeita de ser um “inimigo” do Estado. E caso ficasse comprovado, o cidadão era preso e em alguns casos torturados, física e/ou psicológicamente, cabendo o mesmo método para quem fosse pego em fuga. Alguns chegaram a ser tão maltratados que não resistiram e perderam suas vidas ainda na prisão. Houve casos de mães ou pais, que foram presos tentando fugir ou confabulando contra o Governo, e perderam a guarda dos seus filhos, os quais foram dados para adocão. Foram milhares de criancas que foram tirados dos seus pais e levados para orfanatos, e milhares que até hoje não chegaram a reencontrar os seus pais. 
Em recente entreista para a televisão, a viúva do até então Presidente Erich Honecker, senhora Margot Honecker, não aceita como sendo desumano o tratamento dado a essas criancas, que eram usadas nas propagandas do Governo, como uma forma exemplar de educar e de cuidado com as criancas que foram “abandonadas” pelos seus pais, inimigos do Estado.

Atualmente, há um Arquivo Nacional onde todo cidadão que tenha suspeita de ter sido espionado pelo Estado, pode solicitar informacões e pesquisar sobre essas pessoas que faziam essas espionagens. Reportagens na tv mostraram a tristeza, surpreza e decepcão das pessoas que foram em busca de resposta para as suas dúvidas. Pessoas que tiveram suas vidas privadas vasculhadas e sua liberdade invadida.  

Na Alemanha Oriental, não havia programa de televisão ou de rádio que transmitisse o que se passava em países ocidentais, o consumismo era coibido, e o que se consumia era o que vinha de países também de regime comunista. E ninguém poderia comprar o quanto queria e o que queria, apenas o que se oferecia, e tudo era limitado.
Para se comprar um automóvel, era necessário esperar em uma “fila”, e até que se conseguisse obter o mesmo, essa espera poderia durar até dez anos. Mas mesmo assim, nem todos os cidadãos possuiam situacão financeira para ter um bem desse porte, que era considerado luxo.

Os pacotes que eram enviados da Alemanha Ocidental, nas épocas de festa, por parentes ou até mesmo por desconhecidos era considerado um momento mágico. Onde as pessoas poderiam receber algo que não havia como comprar, por não ter dinheiro ou por não haver no comércio. Roupas eram os presentes mais cobicados, levando-se em consideracão os precos altos das lojas de confeccões. Chocolates, brinquedos e guloseimas faziam a festa das criancas.

Ao final de toda essa história que envolve heroísmo, coragem e determinacão de um povo, o que se sabe, é que o Muro de Berlim, separou não apenas um país, mas separou famílias, amigos e com isso afastou também um povo de ter a chance de crescer e se desenvolver dignamente, deixando um grande rastro de muita tristeza, e tudo isso em nome do poder. O reflexo disso, foi que cidadãos, a pesar de terem o direito de ir e vir restituído após a derrubada do muro, sentiam-se como extranhos no ninho. Sendo tratados por estereótipos por virem do extinto lado oriental. Apesar disso, muitos deles tiveram a chance de recomecar dignamente suas vidas, encontrando emprego no país que foi um dia proibido de ser visitado."



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