Como
em muitos outros países, ocorre também na Alemanha, que os habitantes locais, (neste caso, os alemães) também gostam (e alguns até sentem orgulho!) de saber que os
estrangeiros que aqui moram, têm interesse em aprender a falar o
idioma, e de saber que eles também querem integrar-se à cultura do
País. O que de certa forma, ao meu modo de ver, é até mesmo uma questão de respeito
para com os seus habitantes. Mas é importante saber, que aqui na Alemanha, de acordo com cada região, falam-se às
vezes, diferentes dialetos, que nem sempre são fáceis de serem
compreendidos até mesmo pelos próprios alemães, e esse é um dos
problemas a serem enfrentados pelos recém-chegados ao País.
A gramática por si só,
é complexa, levando-se em consideração que na gramática
portuguesa, utilizamos apenas dois artigos: o masculino e o feminino,
enquanto que na gramática alemã, além destes dois, existe também o
artigo neutro, que denomina coisas, na maioria dos casos. Mas
infelizmente, não há uma regra básica e definida para se utilizar
estes artigos, e essa é a grande dificuldade já na base do
aprendizado. Além do que, alguns artigos que são utilizados para
determinar o substantivo masculino no português, no alemão,
utiliza-se para o feminino e vice-versa. Por exemplo, as palavras
apartamento (die Wohnung) e sol (die
Sonne) em alemão são empregadas no feminino, e
palavras como mesa (der Tisch) e
floresta (der Wald), são empregadas no
masculino. Algumas outras palavras que em português são
empregadas no masculino ou feminino, em alemão é empregado o artigo
neutro, por exemplo: a casa (das Haus), a
menina (das Mädschen), a janela (das
Fenster), o carro (das Auto), o cabelo
(das Haar), e assim, muitas outras palavras.
Portanto, é muito
importante, que ao aprender o idioma, isso seja feito com atenção,
pois o que foi aprendido errado, será mais difícil de ser
corrigido. A prova disso, é que existem pessoas que vivem no país
há mais de dez anos, ouvem as palavras corretas mas repetem
automaticamente incorreto, pois foi assim que aprenderam, e talvez
por não saberem se autocorrigir permanecem no erro.
Por saber falar e
escrever português (moderadamente!), para mim, foi uma questão de honra aprender o
idioma. Pedia ao meu esposo e às pessoas com quem mais tinha
contato, para que me corrigissem. Mas, com o passar do tempo, se
tornou monótono para as outras pessoas sempre me corrigirem, e eu
acabava notando isso, então uma forma que encontrei de evitar mais
erros na fala, e aprender mais rapidamente era tentar ler e escrever
pequenas frases, sobre coisas que eu precisava para o meu dia-a-dia,
e repetir as frases na minha memória, anotar as interessantes e
buscar no dicionário as palavras que eram mais faladas. Algo que me
ajudou bastante foi manter contato com alemães. Mas com o tempo,
passei a observar, que os brasileiros que moram há mais tempo no
país, têm uma gama enorme de conhecimentos, e que também se pode
aprender novas palavras e novos termos com eles.
Reescrever as palavras
ou frases, é também uma boa forma para se memorizar as mais
difíceis, ou seja, através da repetição. Uma outra técnica que desenvolví quando estava frequentando o Curso de Integração, e que me ajudou bastante, foi por exemplo, recortar de uma revista de moda o corpo de uma modelo de biquíni, e colar em uma folha de papel branca. Em seguida, com uma caneta vermelha, escrever os nomes em alemão (com o artigo!) de todas as partes do corpo (da cabeça até os pés) na folha e ligar com uma seta. Essa folha, eu colei no banheiro, em uma parte onde eu visualizava sempre que entrava pela manhã. Já na cozinha e no quarto, eu usei outra maneira de aprender. Escrevia os nomes dos aparelhos domésticos e dos móveis em pequenos papéis (também com os artigos), e colava nos respectivos objetos. Com o passar do tempo, tentava falar o nome daquele objeto sem ler, tapando o nome, e sempre que eu memorizava uma dessas palavras, eu retirava o papelzinho, e assim, foi menos complicado aprender.
Estudar o idioma alemão não foi
fácil, ao contrário, foi bastante cansativo, pois houve noites em
que eu chorei porque não suportava mais cobrar de mim mesma. Tanta
exigência, era desgastante mental e emocionalmente, mas eu queria
respeito. Queria compreender e ser compreendida. Não queria ser
ignorada pelas pessoas nas lojas, quando fizesse uma pergunta sobre o
preço de uma mercadoria, por exemplo.
Como em uma das vezes,
recém-chegada ao país, fui em uma conhecida loja de cosméticos e
perguntei o preço de uma sombra para os olhos à vendedora, e ela,
sem sequer mover-se um centímetro do seu lugar atrás do balcão, me
falou: ”O preço encontra-se na prateleira!”, e deixou-me com o
produto na mão. Após não ter encontrado, mesmo tendo procurado no
local onde deveria estar sinalizado o preço, deixei a loja com a
sensação de angústia e de tristeza, por não ter tido a atenção
que achava merecedora como cliente.
Tudo isso parece uma
bobagem, mas não é, pois esses pequenos detalhes faz-nos sentirmos
diminuídos como seres humanos (me sentí assim...). Acredito que se soubesse falar melhor
o idioma naquela ocasião, tivesse insistido com a vendedora e ela
talvez tivesse me atendido com melhor atenção.
Em outro caso, a
situação foi hilária, pois, também recém-chegada à Alemanha, fui
à uma grande loja de departamentos para fazer uma troca e, me
dirigindo à vendedora que me atendeu, lhe falei que queria trocar a
minha “cabeça”, pois estava quebrada, então tirei uma “panela”
da sacola e lhe mostrei. A vendedora, que me olhava meio desconfiada
até então, pegou a panela e com um risinho me falou: “Por favor,
dirija-se ao caixa e apresente a nota fiscal, a senhora receberá o
dinheiro do produto de volta.” No caminho até o caixa, me dei
conta da bobagem que havia falado, pois as palavras “Topf”
que quer dizer panela, e “Kopf” que significa
cabeça, são bem parecidas e no meu nervosismo para falar
pela primeira vez em público e sozinha, meti a “panela” pela
“cabeça”, num trocadilho, pra não dizer que "metí os pés pelas
mãos". Hoje, eu até conto isso às pessoas e morro de rir, mas
naquela ocasião foi terrível, pois mesmo que não tenha sido
humilhada ou menosprezada por ninguém, fiquei envergonhada. Mas esse
caso me ajudou a nunca mais esquecer o significado das duas palavras.
Talvez
isso possa parecer um exagero, mas, coincidência ou não, hoje por
saber falar melhor o idioma, após mais de nove anos morando na
Alemanha, essas situações nunca mais se repetiram. Mas acredito, que
isso é devido ao fato de saber me impor como cidadã, não
importando a minha nacionalidade, apenas porque falo o idioma do
país, compreendo e me faço compreender.
Atualmente,
a pesar de ainda cometer erros, recebo elogios, e isso me alimenta o
ego e dá motivos para continuar, pois não parei de aprender,
continuo me esforçando para saber sempre um pouquinho mais a cada
dia. Procuro aprender na vivência do meu dia-a-dia, não importando
a situação, com os meus amigos alemães, de outras nacionalidades e
também com os brasileiros.
Aprender
o idioma é fundamental para a integração do estrangeiro ao país,
não importando qual. As oportunidades, sejam de trabalho ou de
estudo tornam-se mais amplas e possíveis, além disso ajuda e
facilita o conhecimento da cultura e dos costumes, e esses são
fatores importantes para uma vida em harmonia no país que, de uma
forma ou de outra abriu as portas para nos receber.
* Para quem quer aprender ou conhecer um pouco mais do idioma alemão, há oportunidades muito boas e interessantes na internet, que ensinam com clareza, tornando o aprendizado bem divertido.
Um abraço grande!
* Para quem quer aprender ou conhecer um pouco mais do idioma alemão, há oportunidades muito boas e interessantes na internet, que ensinam com clareza, tornando o aprendizado bem divertido.
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