Montag, 20. Januar 2014

Aprender o idioma: Questão de sobrevivência




              Como em muitos outros países, ocorre também na Alemanha, que os habitantes locais, (neste caso, os alemães) também gostam (e alguns até sentem orgulho!) de saber que os estrangeiros que aqui moram, têm interesse em aprender a falar o idioma, e de saber que eles também querem integrar-se à cultura do País. O que de certa forma, ao meu modo de ver, é até mesmo uma questão de respeito para com os seus habitantes. Mas é importante saber, que aqui na Alemanha, de acordo com cada região, falam-se às vezes, diferentes dialetos, que nem sempre são fáceis de serem compreendidos até mesmo pelos próprios alemães, e esse é um dos problemas a serem enfrentados pelos recém-chegados ao País.

              A gramática por si só, é complexa, levando-se em consideração que na gramática portuguesa, utilizamos apenas dois artigos: o masculino e o feminino, enquanto que na gramática alemã, além destes dois, existe também o artigo neutro, que denomina coisas, na maioria dos casos. Mas infelizmente, não há uma regra básica e definida para se utilizar estes artigos, e essa é a grande dificuldade já na base do aprendizado. Além do que, alguns artigos que são utilizados para determinar o substantivo masculino no português, no alemão, utiliza-se para o feminino e vice-versa. Por exemplo, as palavras apartamento (die Wohnung) e sol (die Sonne) em alemão são empregadas no feminino, e palavras como mesa (der Tisch) e floresta (der Wald), são empregadas no masculino. Algumas outras palavras que em português são empregadas no masculino ou feminino, em alemão é empregado o artigo neutro, por exemplo: a casa (das Haus), a menina (das Mädschen), a janela (das Fenster), o carro (das Auto), o cabelo (das Haar), e assim, muitas outras palavras.

           Portanto, é muito importante, que ao aprender o idioma, isso seja feito com atenção, pois o que foi aprendido errado, será mais difícil de ser corrigido. A prova disso, é que existem pessoas que vivem no país há mais de dez anos, ouvem as palavras corretas mas repetem automaticamente incorreto, pois foi assim que aprenderam, e talvez por não saberem se autocorrigir permanecem no erro.

           Por saber falar e escrever português (moderadamente!), para mim, foi uma questão de honra aprender o idioma. Pedia ao meu esposo e às pessoas com quem mais tinha contato, para que me corrigissem. Mas, com o passar do tempo, se tornou monótono para as outras pessoas sempre me corrigirem, e eu acabava notando isso, então uma forma que encontrei de evitar mais erros na fala, e aprender mais rapidamente era tentar ler e escrever pequenas frases, sobre coisas que eu precisava para o meu dia-a-dia, e repetir as frases na minha memória, anotar as interessantes e buscar no dicionário as palavras que eram mais faladas. Algo que me ajudou bastante foi manter contato com alemães. Mas com o tempo, passei a observar, que os brasileiros que moram há mais tempo no país, têm uma gama enorme de conhecimentos, e que também se pode aprender novas palavras e novos termos com eles.

           Reescrever as palavras ou frases, é também uma boa forma para se memorizar as mais difíceis, ou seja, através da repetição. Uma outra técnica que desenvolví quando estava frequentando o Curso de Integração, e que me ajudou bastante, foi por exemplo, recortar de uma revista de moda o corpo de uma modelo de biquíni, e colar em uma folha de papel branca. Em seguida, com uma caneta vermelha, escrever os nomes em alemão (com o artigo!) de todas as partes do corpo (da cabeça até os pés) na folha e ligar com uma seta. Essa folha, eu colei no banheiro, em uma parte onde eu visualizava sempre que entrava pela manhã. Já na cozinha e no quarto, eu usei outra maneira de aprender. Escrevia os nomes dos aparelhos domésticos e dos móveis em pequenos papéis (também com os artigos), e colava nos respectivos objetos. Com o passar do tempo, tentava falar o nome daquele objeto sem ler, tapando o nome, e sempre que eu memorizava uma dessas palavras, eu retirava o papelzinho, e assim, foi menos complicado aprender.
 
          Estudar o idioma alemão não foi fácil, ao contrário, foi bastante cansativo, pois houve noites em que eu chorei porque não suportava mais cobrar de mim mesma. Tanta exigência, era desgastante mental e emocionalmente, mas eu queria respeito. Queria compreender e ser compreendida. Não queria ser ignorada pelas pessoas nas lojas, quando fizesse uma pergunta sobre o preço de uma mercadoria, por exemplo.
            Como em uma das vezes, recém-chegada ao país, fui em uma conhecida loja de cosméticos e perguntei o preço de uma sombra para os olhos à vendedora, e ela, sem sequer mover-se um centímetro do seu lugar atrás do balcão, me falou: ”O preço encontra-se na prateleira!”, e deixou-me com o produto na mão. Após não ter encontrado, mesmo tendo procurado no local onde deveria estar sinalizado o preço, deixei a loja com a sensação de angústia e de tristeza, por não ter tido a atenção que achava merecedora como cliente.

             Tudo isso parece uma bobagem, mas não é, pois esses pequenos detalhes faz-nos sentirmos diminuídos como seres humanos (me sentí assim...). Acredito que se soubesse falar melhor o idioma naquela ocasião, tivesse insistido com a vendedora e ela talvez tivesse me atendido com melhor atenção.

           Em outro caso, a situação foi hilária, pois, também recém-chegada à Alemanha, fui à uma grande loja de departamentos para fazer uma troca e, me dirigindo à vendedora que me atendeu, lhe falei que queria trocar a minha “cabeça”, pois estava quebrada, então tirei uma “panela” da sacola e lhe mostrei. A vendedora, que me olhava meio desconfiada até então, pegou a panela e com um risinho me falou: “Por favor, dirija-se ao caixa e apresente a nota fiscal, a senhora receberá o dinheiro do produto de volta.” No caminho até o caixa, me dei conta da bobagem que havia falado, pois as palavras “Topf” que quer dizer panela, e “Kopf” que significa cabeça, são bem parecidas e no meu nervosismo para falar pela primeira vez em público e sozinha, meti a “panela” pela “cabeça”, num trocadilho, pra não dizer que "metí os pés pelas mãos". Hoje, eu até conto isso às pessoas e morro de rir, mas naquela ocasião foi terrível, pois mesmo que não tenha sido humilhada ou menosprezada por ninguém, fiquei envergonhada. Mas esse caso me ajudou a nunca mais esquecer o significado das duas palavras.

Talvez isso possa parecer um exagero, mas, coincidência ou não, hoje por saber falar melhor o idioma, após mais de nove anos morando na Alemanha, essas situações nunca mais se repetiram. Mas acredito, que isso é devido ao fato de saber me impor como cidadã, não importando a minha nacionalidade, apenas porque falo o idioma do país, compreendo e me faço compreender.

Atualmente, a pesar de ainda cometer erros, recebo elogios, e isso me alimenta o ego e dá motivos para continuar, pois não parei de aprender, continuo me esforçando para saber sempre um pouquinho mais a cada dia. Procuro aprender na vivência do meu dia-a-dia, não importando a situação, com os meus amigos alemães, de outras nacionalidades e também com os brasileiros.

Aprender o idioma é fundamental para a integração do estrangeiro ao país, não importando qual. As oportunidades, sejam de trabalho ou de estudo tornam-se mais amplas e possíveis, além disso ajuda e facilita o conhecimento da cultura e dos costumes, e esses são fatores importantes para uma vida em harmonia no país que, de uma forma ou de outra abriu as portas para nos receber.


* Para quem quer aprender ou conhecer um pouco mais do idioma alemão, há oportunidades muito boas e interessantes na internet, que ensinam com clareza, tornando o aprendizado bem divertido.

Um abraço grande!


 


Donnerstag, 16. Januar 2014

Persistir no erro é...falta de amor próprio!


Depois de exatos três meses, retornei ao Brasil. Meus sentimentos em relacão a Albert haviam se transformado. Sentia algo extranho em meu coracão que nao sabia descrever. Era como se o pouco sentimento que ainda existia estivesse morrendo. No fundo, eu sabia que minha relacão com ele não sobreviveria, mas mesmo assim, não queria desistir, estava com meus sentimentos e o meu orgulho bastante feridos. Iria insistir, mesmo sabendo que tudo não seria mais como antes. Havíamos nos ofendido moralmente, e essas ofensas arranharam o que há de mais precioso em um relacionamento: o respeito. Se entre duas pessoas que vivem ou pretendem viver juntas, não houver mais respeito, o melhor a fazer é não insistir. Foi isso que ouví a vida toda, mas mesmo sabendo de tudo isso, não ouví meu coracão. Havia jogado fora uma carreira profissional bastante promissora, deixei minha família e amigos para trás, e não queria regressar como uma derrotada, era orgulhosa demais para aceitar que, mesmo no fim, pode-se recomecar outra vez. Meus sentimentos mais íntimos já haviam me falado, que tudo era apenas ilusão. Não havia sentimento recíproco e verdeiro entre nós. A prova disso, é que após o meu retorno ao Brasil, ele prorrogou o máximo possível a minha volta à Alemanha. Chegou a me mandar um e-mail, me falando que todos os seus planos haviam mudado. Se sentia velho demais nos seus 47 anos para ter filhos, e não queria casar por enquanto, que era melhor permanecerem assim, como estavam. Isso foi um choque terrível para mim, que havia renunciado tudo por alguém que só me manipulou. Desesperei-me, não sabia o que fazer. Não havia nenhuma pessoa com quem conversar sobre esse problema que enfrentava, pois para minha família nunca falei de verdade o que havia se passado enquanto estava na Alemanha. Preferia manter as aparências do que enfrentar a vergonha de ter fracassado. Sofrí calada.
Com o passar dos dias, procurei levar uma vida normal. Aceitei a proposta de voltar temporariamente, para trabalhar na empresa de onde havia pedido demissão. Foram tempos bons aqueles. Pude me sentir útil, mas não feliz por completo. Minha vida havia dado uma reviravolta muito grande. Havia perdido a estabilidade pela qual tanto havia lutado, e o pior é que eu me sentia a única culpada.

Os contatos com o Albert permaneceram, mas eu sentia-me ainda mais insegura. Em meu pensamento, a minha vida estava dependendo dele, e faria tudo para regressar à Alemanha e tentar viver com o Albert, mesmo sabendo que poderia não dar mais certo. Era preciso correr o risco, pois para mim, erroneamente, pensava que já não havia mais o que perder.
 
O meu regresso ao Brasil, foi em um momento de muita delicadeza e apreensão, pois foi exatamente o período em que minha família e eu presenciamos a decadência na melhora do meu irmao, que infelizmente veio a falecer alguns meses depois. Foram dias de muita tristeza para toda a família, mas também foi um momento de muita reflexao para todos nós. A sua morte, extranhamente de alguma forma uniu-nos mais. Conversáva-mos mais e havia mais entendimento.
 
Após terem-se passados exatos seis meses no Brasil, e após muitos dias de incertezas e insegurança emocional, viajei novamente para a Alemanha, havia enfim, conseguido convencer o Albert de que tudo entre nós daria certo. Aceitei inclusive sua proposta de não ter mais filho, de não mais casarmo-nos, a pesar de no meu íntimo pensar o contrário. Pensava, que talvez pudesse fazê-lo mudar de idéia, mudar seu temperamento...Minha identidade estava em risco.

 Em dezesseis de outubro de dois mil e quatro, desembarcava em Portugal. Nas malas, trazia além de meus pertences pessoais, também a ilusão e a esperança. “Queria ser feliz! Iria ser feliz!” Pensava com bastante determinação.

Albert foi apanhar-me no aeroporto de Frankfurt, e fomos em seguida para casa. "Nossa" nova casa. "Nosso" novo lar tão desejado. Dessa vez, tudo seria diferente.
 Após algumas horas de viagem, chegamos em Dortmund, onde morava o Albert. Desarrumei as malas, e ele bastante carinhoso e com muita atencão, falou dos planos para o futuro e que gostaria que eu *trabalhasse com ele, na firma que havia montado com a ajuda de um amigo. Empolgada, e acreditando em uma melhora no nosso relacionamento, aceitei.

Os dias transcorreram com muita harmonia, até que observei que depois de um mês de minha chegada, Albert outra vez estava diferente, não havia ido ao departamento de estrangeiros ainda, então  supus que a minha permanência na Alemanha se daria apenas por três meses, pois ele não tinha até então sequer conversado comigo sobre a regularizacão de minha estada no País. Não havia providenciado para mim, como também da primeira vez, nenhum *seguro de saúde, o que é essencial na Alemanha. Sendo assim, em uma noite, quando nós assistíamos televisão deitados na cama(não, ele não havia mudado esse costume...), perguntei se poderia desligar a televisão um instante, pois teria algo importante para conversar com ele. Ele olhou para mim um pouco desconfiado e a contra-gosto baixou o volume da tv. Então perguntei o que havia com ele, (inclusive intimamente não havia nada entre nós), o que estaria acontecendo. Surpreso com a pergunta, ele disse que estava tudo bem, mas que no momento não sentia desejo, e que isso já lhe havia acontecido outras vezes.
Não satisfeita com a resposta, insistí que ele deveria procurar ajuda médica, e ele respondeu afobado que eu sabia muito bem qual a sua opinião sobre os médicos. (Ele não tinha plano de saúde, pois achava um absurdo ter que pagar dez euros - na época, segundo ele! - a cada trimestre para poder ser atendido em um consultório médico). Insisti que isso não era desculpa, e que ele deveria buscar uma solucão ou procurar ajuda profissional. Permaneceu irredutível. Mas eu também estava firme e seguí com meus questionamentos, e perguntei-lhe quais os planos que ele tinha para a minha vida, se é que havia algum. Albert, assustado com a pergunta, mostrou-se um pouco inseguro e então me falou que os sentimentos que ele sentira por mim haviam-se acabado. Não sentia mais a mesma coisa por mim e que infelizmente não havia o que fazer, que era melhor serem amigos.

Sentí um frio percorrer pelo meu corpo, ao mesmo tempo era como se o chão se abrisse sob os meus pés. A respiracão me faltava, e o meu coracão acelerou, deixando-me sem orientacão. Tudo isso durou uma fracão de segundos, mas foi como se tivesse durado horas. Após algum tempo, lhe perguntei se a mãe dele sabia de sua decisão e qual sua opinião sobre o assunto, e ele respondeu que havia conversado com ela durante a semana e que ela preferia se manter neutra. Eu, que até então havia tentado manter a calma, me alterei e lhe falei com rispidez que ele havia jogado com a minha vida, me tirado do seio de minha família, de um trabalho fixo e promissor, do convívio com meus amigos. Lhe disse em tom áspero, que ele não me encontrou na rua, para simplesmente decidir o meu destino em conversa secreta com a sua mãe, e me descartar como se fosse nada.
Fiquei por algum instante em silêncio, e ainda não acreditando no que havia escutado do Albert, lhe falei mais calma, que era melhor não nos precipitarmos, que daria pra ele uma semana pra pensar se realmente era isso que ele queria. Albert concordou, e em seguida perguntou se poderia almentar o volume da televisão outra vez. Fiquei perplexa com tanta frieza e falta de sensibilidade.

Desnorteada, levantei-me, troquei de roupa e enquanto me trocava, Albert perguntou para onde pretendia ir, pois já era tarde e poderia ser perigoso. Sem dar muita importância, disse que daria uma volta pra arejar a cabeca. Saí, sem a menor nocão para onde iria. Peguei a bolsa, o telefone celular usado, e que tinha o visor quebrado, que ele me havia “presenteado” e saí, naquela noite fria e chuvosa de outono. Andei pelas ruas completamente desorientada, e foi então que resolví telefonar para uma amiga que morava na Suica, em quem tanto confiava, que com muita paciência, me aconselhou que tivesse calma, pois nada poderia ser resolvido aquelas horas. Convidou-me a ir para sua casa na Suica, mas por uma questão financeira, achei melhor não aceitar o convite e assim, economizar o dinheiro que tinha para o caso de precisar.

Desesperei-me com a possibilidade de voltar ao Brasil, voltar como uma derrotada. Naquela ocasião, não pensei que retornar, significava ter a minha vida de volta, minha família e amigos. Pensava apenas na humilhacão que seria, ter que explicar aos curiosos e indiscretos o motivo de minha volta.
Naquela noite demorei a voltar pra casa. Entrei em um bar que ficava na rua onde morávamos, queria chorar as minhas mágoas em um copo de chopp. Sentei-me ao balcão do bar, que naquele horário estava razoavelmente vazio. Tomei alguns chopps, conversei com um cliente que havia mostrado interesse por mim, e que finalmente havia tomado coragem para se aproximar e puxar assunto. Mas eu não tinha o menor interesse em me envolver com ninguém, até mesmo porque minha situacão com o Albert não estava nada resolvida. O senhor me convidou para jantarmos juntos no dia seguinte, no mesmo bar, mas eu só confirmei apenas para que ele finalmente me deixasse em paz, e nunca mais nos vimos.
Fui pra casa já passava da uma da manhã, e o Albert como de costume, ainda estava acordado, vendo televisão, e disfarçadamente me esperava. Me troquei e deitei, adormecendo rapidamente. Com a ajuda das cervejas que havia tomado, nem a televisão me incomodou.
 
Na manhã seguinte despertei mais tarde, e lembrei-me que dalí à dois dias, nós tínhamos o compromisso de irmos jantar na casa de um colega de trabalho do Albert, que era casado com uma brasileira. A situacão era delicada e eu estava completamente irritada, pois se nós não tínhamos mais nada um com o outro, porque então continuar a fazer o papel de namorada? Eu não me achava mais na obrigação, e então falei para Albert, que reagiu de forma bem agressiva e mostrando não querer entender as razões que me levavam a desistir de ir com ele ao jantar. Após discutirmos o dia inteiro, concordei que iria, mas deixei claro que não queria essa história de fazer de conta que tudo ia bem entre nós, eu não queria fazer o jogo dele. Iria apenas o acompanhar como amiga, pelo menos até que se passasse o prazo de uma semana que eu o havia dado, e ele decidisse se era isso mesmo que ele queria, viver como amigos.
O que se sucedeu durante e após o jantar, foram cenas patéticas que eu já havia premeditado, pois Albert se comportou exatamente como eu temia, fazendo de conta que ainda éramos um casal apaixonado, me irritando ainda mais. No caminho de volta pra casa, Albert parecia ter sido tocado pelo sentimento de romantismo e paixão que o casal emanava. Fazia planos, como se ele jamais me tivesse dito que não sentia mais nada por mim. Queria decorar o apartamento e torna-lo mais harmonioso e aconchegante. A essas alturas já não sabia mais o que pensar, estava insegura sobre se valeria a pena insistir em uma pessoa tão instável.
Preferí não me deixar levar pelas emocões e esperei, até que uma semana se passou e durante o jantar, perguntei para Albert se seus sentimentos por mim haviam se reavivado, se nós tínhamos uma chance como casal, como homem e mulher, mas Albert parecia ter voltado ao seu “normal” e estava mais uma vez irredutível, e disse que o que havia decido antes era pra valer, não tinha intencão de mudar de opinião. Já estava decidido. Não suportei ouvir aquilo, afastei meu prato de comida, e sentí minha boca ficar amarga, minha garganta se fechar, me sufocando. Ele perguntou o que havia comigo, e foi então que desabei em prantos. Estava terminado.


*O trabalho para estrangeiros na Alemanha (Europa) sem autorização do Estado é ilegal! Todos os estrangeiros necessitam de permissão, e os que trabalham sem terem essa permissão, caso sejam flagrados exercendo alguma atividade dessa forma, sofrerão as penalidades previstas nas leis do País, e quem emprega também.

*Na primeira viagem à Alemanha, ele falou horrores sobre o sistema de saúde alemão, que hoje sei, é um dos melhores que há na Europa!

segue...

Mittwoch, 15. Januar 2014

Protegendo-se do frio (Marinheiros de Primeira Viagem)

Para aqueles estrangeiros que já moram na Alemanha (ou outros países de inverno rigoroso) há muito tempo, algumas informações podem ser até de pouca importância, mas para os recém-chegados, ou para os que têm interesse em viajar para conhecer o inverno em outros países, é de muito grande valia saber como proteger-se nos dias mais frios.

Acho importante mencionar este assunto, pois vivenciei alguns casos de pessoas que moravam há pouco tempo na Alemanha e não sabiam ainda o que vestir exatamente para proteger-se do frio nas ruas, então vestiam um monte de casacos (que em alemão são os chamados Pullover = pulôver seria a pronúncia para o português ) um por cima do outro, o que as vezes é desconfortável pelo volume das roupas no corpo, e pelo calor que gera.
Isso pode ser evitado, quando se escolhe a roupa correta.
                                                                                                



Muito importante também, é o tecido escolhido, pois um casaco de Jersey por exemplo, que é de um tecido frio na minha opinião, não ajuda muito a esquentar o corpo.
O ideal são as pecas de algodão, que são macias e confortáveis de usar. Se usarmos uma sequência lógica na hora de nos vestirmos, evitaremos de usar tantas roupas sobrepostas, o que facilita inclusive os nossos movimentos, tirando aquela sensação de estar usando "roupa de astronauta".


Por exemplo, primeiro vestir uma camiseta regata de algodão (que irá proteger a região do tórax), por cima vista um casaco também de algodão (Pullover), com ou sem gola alta, cada um a seu gosto, de tecido mais grosso ou mais fino, dependendo da temperatura lá fora, e por cima deste, ponha um casaco de lã por exemplo (claro fica à critério, pois pode ser de outro material, mas que seja quentinho). É importante vestir um Pullover por baixo de um casaco de lã, pois às vezes a lã em contato direto com a pele pode causar irritação ou coceira, além do que, protege mais o corpo do vento frio, formando uma barreira maior de proteção. Por último, ponha o casaco/jaqueta de frio mais grosso, aqueles com ou sem capuz, (que em alemão são chamados de Jacke = iaque seria a pronúncia para o português), que claro, deve ser de acordo com a temperatura do momento, podendo ser menos ou mais robusto.

Para a região inferior, também há uma solução para se enfrentar o frio. Uma calca jeans normal pode ser usada sem problemas, mas o que irá ajudar bastante, será o uso de leggins ou meias-calças térmicas por baixo do jeans, muito fáceis de se adquirir (por preços accessíveis) em qualquer loja como a C&A por exemplo, que existem aos montes mundo à fora, ou em lojas de meias especializadas (que sairão um pouco mais caras).

Uma touca, cachecol e luvas devem compor o figurino de inverno.

*É preciso deixar claro, que essas são imagens meramente ilustrativas e apenas sugestões, e que cada um veste-se como se sente bem!


Como o assunto é esquentar o corpo, não podemos deixar de mencionar que os pés devem também ser bem protegidos, e que nem todos os sapatos ou botas protegem do frio. Um calçado  com solas grossas (pois quanto menos próximos do chão estiverem os pés, menos frio se sentirá), e acolchoado é o ideal. Não precisamos ter um monte de botas e sapatos no armário, (principalmente para quem precisa economizar na viagem) mas escolher o calcado correto fará muita diferença, inclusive no bolso. Uma bota de cano longo, acolchoada, e com solas grossas, podem sim ser uma boa escolha. Ou mesmo as botinhas do tipo para passeios nas montanhas, bem robustas, protegerão os nossos pés.

A diversidade de calcados para proteger do frio é enorme (e tentadora!), mas o mais importante para quem quer economizar,  é levar-se em consideração prioridades como onde usar, e que tipo de sapato necessitamos. Para os dias frios, úmidos e chuvosos, o importante é que esse sapato contenha uma membrana de proteção contra água e umidade, e que mesmo assim, permita que os pés respirem, evitando assim a contaminação por fungos. Uma marca muito conhecida é a  GoreTex, mas existem outras marcas que produzem o mesmo efeito e os sapatos são mais em conta.

O que não se pode esquecer em momento algum, é que é muito importante observar a temperatura lá fora antes de sair de casa, para não errar na hora de se proteger do frio. Para não acontecer como fez uma amiga, que saiu de short, camiseta e chinelo, porque lá fora o sol brilhava e o céu estava azul...mas fazia um frio terrível!!!

Pois é, a vida também tem dessas coisas...até logo!


Sonntag, 12. Januar 2014

Com ou sem visto? Evite constrangimentos se preparando para sua viagem!


Para ficarmos mais informadas!

Algumas pessoas talvez não saibam ou necessitem dessa informação!

Segue abaixo uma lista dos países que não necessitam de visto para a entrada de brasileiros.
É muito importante, verificar se o país para o qual se está viajando exige o visto de entrada, para evitar constrangimentos por conta da questão burocrática!

Um abraço grande!


http://aventure-se.com/2013/10/09/paises-que-nao-exigem-visto-para-brasileiros/

Donnerstag, 9. Januar 2014

A realidade depois da ilusao



Minha mudança para a Alemanha deu-se menos de um ano depois de nos conhecermos. Nós morávamos em um apartamento de quarto, sala, cozinha e banheiro. Não havia varanda ou terraço. Extremamente desconfortável, levando-se em consideração que havia dois velhos aquecedores à gás, que não esquentavam o suficiente para suportar o frio do inverno. Logo nos primeiros dias ele me presenteou com uma linda aliança, mas não a pôs em um determinado dedo, apenas me deu e quando eu perguntei onde deveria usar, ele disse que eu usasse onde quisesse. Posteriormente, a aliança não significou nenhum compromisso.
Em vez de jantares, passeios e festas(como muitas pessoas enganosa mente pensam!), o que me aguardavam eram jantares econômicos, feitos em casa mesmo, e com ingredientes comprados na seção de promoção do supermercado, de produtos com validade de consumo prestes à vencer (''hoje sei que isso é muito comum, e não significa que os produtos estão estragados, mas que o consumo deve ser em curto prazo); passeios de bicicleta; idas à sauna e programas de televisão que eu não entendia, por não falar alemão. Aquilo foi um choque para mim, que nunca havia vivenciado tal situação.  Para piorar, Albert só assistia televisão no quarto e ficava até altas horas da madrugada com o aparelho ligado, e muitas das vezes até adormecia assim, e para mim era um grande tormento, pois estava habituada a dormir na total escuridão e em silêncio. Em minha casa no Brasil eu não tinha televisão no quarto. Algumas vezes pedia para o Albert baixar o volume ou até mesmo desligar, mas ele normalmente não atendia às minhas solicitações, e começava então mais uma discussão. Eu pensava comigo mesma, que se ele tinha os seus costumes e manias de homem solteiro ou que vivia sozinho, porque então procurar uma mulher, se ele não a respeitava? Fui dormir no sofá na sala...mas nem isso o abalou!

Não havia feito planos ou me enganado, no sentido de ter buscado um homem rico que me tratasse como a princesa de um conto de fadas. Sempre acreditei no caráter das pessoas, e na união de dois seres por amor, ou pelo sentimento comum que leva duas pessoas a quererem estar juntas. Algumas vivências pessoais me fizeram crescer, amadurecer e me tornar uma mulher adulta com os pés no chão, o que não me torna menos sensível ou incapaz de me enganar em minhas escolhas. O mais importante de tudo isso, é que sempre fui capaz de assumir minhas responsabilidades diante do preço pago nas consequências trazidas por essas escolhas!

Quando ainda estávamos no Brasil, o Albert havia me prometido espontaneamente, que não manteria mais contato com garotas pela internet, que nossa vida seria de harmonia e de muito amor, o que também não aconteceu, pois uma vez, ele havia saído e deixado o seu computador ligado, e então lí um diálogo que mantinha com uma mulher em uma sala de relacionamentos da internet, e perguntando se não tinha fotos bonitas para lhe enviar. Ali acabou minha confiança nele . Passei a observá-lo através de um quadro, o qual o vidro espelhava exatamente o lugar na sala, onde ele sentava ao computador. E para ver sua reação, falava com ele como se estivesse me dirigindo à sala, mas permanecia no mesmo lugar, apenas para ver se estava certa nas minhas desconfianças, e então via quando ele rapidamente mudava a tela do computador e olhava desconfiado sobre o ombro, para ter certeza de que eu não tinha visto...Era muito triste, pois aquele não era o meu comportamento natural. Crescí acreditando nas pessoas. Acreditando no respeito que duas pessoas que se querem devem nutrir uma pela outra...e parecia que aquele não era o caso...Enfim...passei a acreditar em todos os pressentimentos ruins que tive, antes de viajar pra Alemanha.
Em uma de nossas conversas na internet, ele falou que havia me comprado roupas de segunda-mão, a pesar de eu lhe dizer meio sem graça que não precisava, pois não gostava de vestir roupas que eu mesma não tivesse escolhido, pra não dizer que nunca havia usado ou comprado roupas assim. (Esse é um costume ainda muito praticado na Alemanha, e acredito que em muitas outras partes da Europa, que são os chamados "Secondhand" - Lojas de Segunda Mao, como os brechós no Brasil por exemplo. Principalmente as mães, compram para as suas crianças. Essa é uma forma de economizar, levando-se em conta que existem lojas que oferecem roupas em muito bom estado de conservação, por muito bons preços. Talvez eu não tivesse esse problema se conhecesse essa cultura. ) Tudo em vão, pois ele já havia comprado.

Ao chegar à casa dele, fiquei chocada quando ele me mostrou as coisas que me havia comprado. Modelos tão fora de moda que jamais poderia vestí-los. Era muito vaidosa para isso.
Com o passar do tempo, eu pude observar que havia caído em uma armadilha e, por estar tão desorientada com tudo o que estava vivendo, com tantas omissões e mentiras, não via uma saída ou uma oportunidade para consertar o grande “erro” cometido.

Algum tempo depois sentí uma grande decepção, pois tudo o que ele havia me falado e escrito quando nos conhecemos, quase nada era verdade. Ele havia me falado que era um esportista, que viajava três vezes ao ano para a Austrália para praticar vôos de parapente; que nadava algumas vezes por semana em uma piscina olímpica no centro esportivo próximo à sua residência. Tudo mentira.
 Descobrí que o Albert era desempregado, e que era sustentado pelo Estado havia anos. Ele me havia falado no Brasil ainda, que nunca havia feito uma faculdade e nem sequer tinha uma profissão, mas trabalhava com computadores e tinha sua estabilidade financeira, mas enfim, eu não pensei que fosse tão importante, que o que importava era ser feliz com Albert, já que mostrou-se aparentemente ser uma pessoa séria e havia viajado milhas para me conhecer, pelo menos era o que eu pensava.
 
Eu era uma mulher ainda jovem e que tinha muitos planos em minha vida. Dentre eles, queria casar e ter filhos, e isso ele também havia-me proposto quando nos conhecemos, mas como tudo que o Albert me havia falado, esses foram planos que também não concretizou.

Quando nos conhecemos, eu estava vivendo uma fase de introspecção, não queria namorar naquele momento, apenas curtir a minha vida de solteira, meu trabalho, e viver para mim. Já havia me magoado demais com romances e namoros que não deram certo, mas ele me conquistou de uma forma tão diferente que pensei em me dar uma chance.

 Na Alemanha, não demorou muito, até que eu observei que havia algo de estranho em Albert, pois ele também não esperou muito tempo para me mostrar a sua verdadeira face. Em uma ocasião, ele fez questão de me ensinar, como ele limpava o apartamento, como cozinhava (até a forma como eu cortava a cebola ele me criticava!), como lavava os pratos e etc, e que eu deveria fazer como ele me mostrara. Uma vez, eu havia terminado de limpar os móveis, que eram escuros e que devido aos velhos aquecedores liberarem muita poeira, a sujeira ficava então muito visível. Ele aproximou-se e passou o dedo para verificar se estavam bem limpos, o que eu simplesmente achei um absurdo, mas como sempre fui tranquila e não queria escândalos, apenas perguntei o que ele pretendia com aquilo, pois eu não era sua faxineira e sim sua namorada. Mas não obtive nenhuma resposta convincente, e a partir dali deixei que limpasse ele mesmo.

Com o passar do tempo as brigas ficaram mais sérias, faltando apenas chegarem às vias de fato. Eu havia sido bastante tolerante, não queria acreditar que as coisas não iriam melhorar, tinha esperanças, mas aos poucos via que a situação entre nós só tendia a piorar. Albert não me dava atenção e só tinha tempo para conversar com novas amigas na internet. Além de estar envolvido na busca de um novo trabalho, o que de fato aconteceu.

Persistente como era, eu não queria desistir de tentar, de contornar aquela situação. Algumas vezes, achava que eu mesma talvez fosse injusta e que talvez fosse minha culpa as discussões que se sucediam entre nós. Albert dizia que eu sempre tinha um argumento, e ele me criticava dizendo que eu sempre queria ter a palavra final. Eu não aceitava essas críticas, pois sabia que era inteligente e isso era o que me levava a sempre ter um argumento, e rebater suas críticas, que eram sempre negativas e mexiam com minha autoestima.

Sempre fui uma pessoa determinada e seguia estudando o idioma alemão em casa, a pesar de ter muita dificuldade, e mesmo me comunicando com meu namorado apenas em espanhol. Logo que eu cheguei à Alemanha, em minha primeira viagem ao país, Albert me matriculou em um curso básico de alemão para principiantes, o que foi de grande proveito para mim. Mas não foi o suficiente pra me comunicar e ser entendida com clareza, pois como nós só falávamos em espanhol, não haveria chance de aprender a falar o idioma. Às vezes, sentia-me insegura, por não ter o suporte que precisava em casa, sendo assim, continuei sem saber falar.

A nossa convivência, a vida a dois, era algo que estava fadado ao fracasso. Durante minha permanência na Alemanha, em minha primeira viagem, os dias foram apenas de desentendimentos. Era como se houvesse algum tipo de concorrência entre nós, que eu não podia compreender. Albert vivia criticando o Brasil, falando mal das coisas que ele não conhecia pessoalmente, apenas teoricamente ou de ouvir falar. Minha intenção era viver uma vida de paz e harmonia. Constituir uma família, ter filhos, trabalhar, me integrar ao país que escolhí para viver. Mas meus sonhos estavam sendo destruídos, por alguém que invadiu minha vida com uma promessa mentirosa e egoísta.
 
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Um Conto Corrido

07:30 - O Telefone -Alô! -Mãaaae!! Esqueci a mochila de esporte na parada do ônibus! -Corre por favor antes que alguém pegue! -E onde vc est...