Donnerstag, 16. Januar 2014

Persistir no erro é...falta de amor próprio!


Depois de exatos três meses, retornei ao Brasil. Meus sentimentos em relacão a Albert haviam se transformado. Sentia algo extranho em meu coracão que nao sabia descrever. Era como se o pouco sentimento que ainda existia estivesse morrendo. No fundo, eu sabia que minha relacão com ele não sobreviveria, mas mesmo assim, não queria desistir, estava com meus sentimentos e o meu orgulho bastante feridos. Iria insistir, mesmo sabendo que tudo não seria mais como antes. Havíamos nos ofendido moralmente, e essas ofensas arranharam o que há de mais precioso em um relacionamento: o respeito. Se entre duas pessoas que vivem ou pretendem viver juntas, não houver mais respeito, o melhor a fazer é não insistir. Foi isso que ouví a vida toda, mas mesmo sabendo de tudo isso, não ouví meu coracão. Havia jogado fora uma carreira profissional bastante promissora, deixei minha família e amigos para trás, e não queria regressar como uma derrotada, era orgulhosa demais para aceitar que, mesmo no fim, pode-se recomecar outra vez. Meus sentimentos mais íntimos já haviam me falado, que tudo era apenas ilusão. Não havia sentimento recíproco e verdeiro entre nós. A prova disso, é que após o meu retorno ao Brasil, ele prorrogou o máximo possível a minha volta à Alemanha. Chegou a me mandar um e-mail, me falando que todos os seus planos haviam mudado. Se sentia velho demais nos seus 47 anos para ter filhos, e não queria casar por enquanto, que era melhor permanecerem assim, como estavam. Isso foi um choque terrível para mim, que havia renunciado tudo por alguém que só me manipulou. Desesperei-me, não sabia o que fazer. Não havia nenhuma pessoa com quem conversar sobre esse problema que enfrentava, pois para minha família nunca falei de verdade o que havia se passado enquanto estava na Alemanha. Preferia manter as aparências do que enfrentar a vergonha de ter fracassado. Sofrí calada.
Com o passar dos dias, procurei levar uma vida normal. Aceitei a proposta de voltar temporariamente, para trabalhar na empresa de onde havia pedido demissão. Foram tempos bons aqueles. Pude me sentir útil, mas não feliz por completo. Minha vida havia dado uma reviravolta muito grande. Havia perdido a estabilidade pela qual tanto havia lutado, e o pior é que eu me sentia a única culpada.

Os contatos com o Albert permaneceram, mas eu sentia-me ainda mais insegura. Em meu pensamento, a minha vida estava dependendo dele, e faria tudo para regressar à Alemanha e tentar viver com o Albert, mesmo sabendo que poderia não dar mais certo. Era preciso correr o risco, pois para mim, erroneamente, pensava que já não havia mais o que perder.
 
O meu regresso ao Brasil, foi em um momento de muita delicadeza e apreensão, pois foi exatamente o período em que minha família e eu presenciamos a decadência na melhora do meu irmao, que infelizmente veio a falecer alguns meses depois. Foram dias de muita tristeza para toda a família, mas também foi um momento de muita reflexao para todos nós. A sua morte, extranhamente de alguma forma uniu-nos mais. Conversáva-mos mais e havia mais entendimento.
 
Após terem-se passados exatos seis meses no Brasil, e após muitos dias de incertezas e insegurança emocional, viajei novamente para a Alemanha, havia enfim, conseguido convencer o Albert de que tudo entre nós daria certo. Aceitei inclusive sua proposta de não ter mais filho, de não mais casarmo-nos, a pesar de no meu íntimo pensar o contrário. Pensava, que talvez pudesse fazê-lo mudar de idéia, mudar seu temperamento...Minha identidade estava em risco.

 Em dezesseis de outubro de dois mil e quatro, desembarcava em Portugal. Nas malas, trazia além de meus pertences pessoais, também a ilusão e a esperança. “Queria ser feliz! Iria ser feliz!” Pensava com bastante determinação.

Albert foi apanhar-me no aeroporto de Frankfurt, e fomos em seguida para casa. "Nossa" nova casa. "Nosso" novo lar tão desejado. Dessa vez, tudo seria diferente.
 Após algumas horas de viagem, chegamos em Dortmund, onde morava o Albert. Desarrumei as malas, e ele bastante carinhoso e com muita atencão, falou dos planos para o futuro e que gostaria que eu *trabalhasse com ele, na firma que havia montado com a ajuda de um amigo. Empolgada, e acreditando em uma melhora no nosso relacionamento, aceitei.

Os dias transcorreram com muita harmonia, até que observei que depois de um mês de minha chegada, Albert outra vez estava diferente, não havia ido ao departamento de estrangeiros ainda, então  supus que a minha permanência na Alemanha se daria apenas por três meses, pois ele não tinha até então sequer conversado comigo sobre a regularizacão de minha estada no País. Não havia providenciado para mim, como também da primeira vez, nenhum *seguro de saúde, o que é essencial na Alemanha. Sendo assim, em uma noite, quando nós assistíamos televisão deitados na cama(não, ele não havia mudado esse costume...), perguntei se poderia desligar a televisão um instante, pois teria algo importante para conversar com ele. Ele olhou para mim um pouco desconfiado e a contra-gosto baixou o volume da tv. Então perguntei o que havia com ele, (inclusive intimamente não havia nada entre nós), o que estaria acontecendo. Surpreso com a pergunta, ele disse que estava tudo bem, mas que no momento não sentia desejo, e que isso já lhe havia acontecido outras vezes.
Não satisfeita com a resposta, insistí que ele deveria procurar ajuda médica, e ele respondeu afobado que eu sabia muito bem qual a sua opinião sobre os médicos. (Ele não tinha plano de saúde, pois achava um absurdo ter que pagar dez euros - na época, segundo ele! - a cada trimestre para poder ser atendido em um consultório médico). Insisti que isso não era desculpa, e que ele deveria buscar uma solucão ou procurar ajuda profissional. Permaneceu irredutível. Mas eu também estava firme e seguí com meus questionamentos, e perguntei-lhe quais os planos que ele tinha para a minha vida, se é que havia algum. Albert, assustado com a pergunta, mostrou-se um pouco inseguro e então me falou que os sentimentos que ele sentira por mim haviam-se acabado. Não sentia mais a mesma coisa por mim e que infelizmente não havia o que fazer, que era melhor serem amigos.

Sentí um frio percorrer pelo meu corpo, ao mesmo tempo era como se o chão se abrisse sob os meus pés. A respiracão me faltava, e o meu coracão acelerou, deixando-me sem orientacão. Tudo isso durou uma fracão de segundos, mas foi como se tivesse durado horas. Após algum tempo, lhe perguntei se a mãe dele sabia de sua decisão e qual sua opinião sobre o assunto, e ele respondeu que havia conversado com ela durante a semana e que ela preferia se manter neutra. Eu, que até então havia tentado manter a calma, me alterei e lhe falei com rispidez que ele havia jogado com a minha vida, me tirado do seio de minha família, de um trabalho fixo e promissor, do convívio com meus amigos. Lhe disse em tom áspero, que ele não me encontrou na rua, para simplesmente decidir o meu destino em conversa secreta com a sua mãe, e me descartar como se fosse nada.
Fiquei por algum instante em silêncio, e ainda não acreditando no que havia escutado do Albert, lhe falei mais calma, que era melhor não nos precipitarmos, que daria pra ele uma semana pra pensar se realmente era isso que ele queria. Albert concordou, e em seguida perguntou se poderia almentar o volume da televisão outra vez. Fiquei perplexa com tanta frieza e falta de sensibilidade.

Desnorteada, levantei-me, troquei de roupa e enquanto me trocava, Albert perguntou para onde pretendia ir, pois já era tarde e poderia ser perigoso. Sem dar muita importância, disse que daria uma volta pra arejar a cabeca. Saí, sem a menor nocão para onde iria. Peguei a bolsa, o telefone celular usado, e que tinha o visor quebrado, que ele me havia “presenteado” e saí, naquela noite fria e chuvosa de outono. Andei pelas ruas completamente desorientada, e foi então que resolví telefonar para uma amiga que morava na Suica, em quem tanto confiava, que com muita paciência, me aconselhou que tivesse calma, pois nada poderia ser resolvido aquelas horas. Convidou-me a ir para sua casa na Suica, mas por uma questão financeira, achei melhor não aceitar o convite e assim, economizar o dinheiro que tinha para o caso de precisar.

Desesperei-me com a possibilidade de voltar ao Brasil, voltar como uma derrotada. Naquela ocasião, não pensei que retornar, significava ter a minha vida de volta, minha família e amigos. Pensava apenas na humilhacão que seria, ter que explicar aos curiosos e indiscretos o motivo de minha volta.
Naquela noite demorei a voltar pra casa. Entrei em um bar que ficava na rua onde morávamos, queria chorar as minhas mágoas em um copo de chopp. Sentei-me ao balcão do bar, que naquele horário estava razoavelmente vazio. Tomei alguns chopps, conversei com um cliente que havia mostrado interesse por mim, e que finalmente havia tomado coragem para se aproximar e puxar assunto. Mas eu não tinha o menor interesse em me envolver com ninguém, até mesmo porque minha situacão com o Albert não estava nada resolvida. O senhor me convidou para jantarmos juntos no dia seguinte, no mesmo bar, mas eu só confirmei apenas para que ele finalmente me deixasse em paz, e nunca mais nos vimos.
Fui pra casa já passava da uma da manhã, e o Albert como de costume, ainda estava acordado, vendo televisão, e disfarçadamente me esperava. Me troquei e deitei, adormecendo rapidamente. Com a ajuda das cervejas que havia tomado, nem a televisão me incomodou.
 
Na manhã seguinte despertei mais tarde, e lembrei-me que dalí à dois dias, nós tínhamos o compromisso de irmos jantar na casa de um colega de trabalho do Albert, que era casado com uma brasileira. A situacão era delicada e eu estava completamente irritada, pois se nós não tínhamos mais nada um com o outro, porque então continuar a fazer o papel de namorada? Eu não me achava mais na obrigação, e então falei para Albert, que reagiu de forma bem agressiva e mostrando não querer entender as razões que me levavam a desistir de ir com ele ao jantar. Após discutirmos o dia inteiro, concordei que iria, mas deixei claro que não queria essa história de fazer de conta que tudo ia bem entre nós, eu não queria fazer o jogo dele. Iria apenas o acompanhar como amiga, pelo menos até que se passasse o prazo de uma semana que eu o havia dado, e ele decidisse se era isso mesmo que ele queria, viver como amigos.
O que se sucedeu durante e após o jantar, foram cenas patéticas que eu já havia premeditado, pois Albert se comportou exatamente como eu temia, fazendo de conta que ainda éramos um casal apaixonado, me irritando ainda mais. No caminho de volta pra casa, Albert parecia ter sido tocado pelo sentimento de romantismo e paixão que o casal emanava. Fazia planos, como se ele jamais me tivesse dito que não sentia mais nada por mim. Queria decorar o apartamento e torna-lo mais harmonioso e aconchegante. A essas alturas já não sabia mais o que pensar, estava insegura sobre se valeria a pena insistir em uma pessoa tão instável.
Preferí não me deixar levar pelas emocões e esperei, até que uma semana se passou e durante o jantar, perguntei para Albert se seus sentimentos por mim haviam se reavivado, se nós tínhamos uma chance como casal, como homem e mulher, mas Albert parecia ter voltado ao seu “normal” e estava mais uma vez irredutível, e disse que o que havia decido antes era pra valer, não tinha intencão de mudar de opinião. Já estava decidido. Não suportei ouvir aquilo, afastei meu prato de comida, e sentí minha boca ficar amarga, minha garganta se fechar, me sufocando. Ele perguntou o que havia comigo, e foi então que desabei em prantos. Estava terminado.


*O trabalho para estrangeiros na Alemanha (Europa) sem autorização do Estado é ilegal! Todos os estrangeiros necessitam de permissão, e os que trabalham sem terem essa permissão, caso sejam flagrados exercendo alguma atividade dessa forma, sofrerão as penalidades previstas nas leis do País, e quem emprega também.

*Na primeira viagem à Alemanha, ele falou horrores sobre o sistema de saúde alemão, que hoje sei, é um dos melhores que há na Europa!

segue...

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