Depois
de exatos três meses, retornei ao Brasil. Meus sentimentos em
relacão a Albert haviam se transformado. Sentia algo extranho em meu
coracão que nao sabia descrever. Era como se o pouco sentimento que
ainda existia estivesse morrendo. No fundo, eu sabia que minha
relacão com ele não sobreviveria, mas mesmo assim, não queria
desistir, estava com meus sentimentos e o meu orgulho bastante feridos. Iria
insistir, mesmo sabendo que tudo não seria mais como antes. Havíamos
nos ofendido moralmente, e essas ofensas arranharam o que há de mais
precioso em um relacionamento: o respeito. Se entre duas pessoas que
vivem ou pretendem viver juntas, não houver mais respeito, o melhor
a fazer é não insistir. Foi isso que ouví a vida toda, mas mesmo
sabendo de tudo isso, não ouví meu coracão. Havia jogado fora uma
carreira profissional bastante promissora, deixei minha família e
amigos para trás, e não queria regressar como uma derrotada, era
orgulhosa demais para aceitar que, mesmo no fim, pode-se recomecar
outra vez. Meus sentimentos mais íntimos já haviam me falado, que
tudo era apenas ilusão. Não havia sentimento recíproco e verdeiro
entre nós. A prova disso, é que após o meu retorno ao Brasil, ele
prorrogou o máximo possível a minha volta à Alemanha. Chegou a me
mandar um e-mail, me falando que todos os seus planos haviam mudado.
Se sentia velho demais nos seus 47 anos para ter filhos, e não queria
casar por enquanto, que era melhor permanecerem assim, como estavam.
Isso foi um choque terrível para mim, que havia renunciado tudo por
alguém que só me manipulou. Desesperei-me, não sabia o que fazer.
Não havia nenhuma pessoa com quem conversar sobre esse problema que
enfrentava, pois para minha família nunca falei de verdade o que
havia se passado enquanto estava na Alemanha. Preferia manter as
aparências do que enfrentar a vergonha de ter fracassado. Sofrí
calada.
Com
o passar dos dias, procurei levar uma vida normal. Aceitei a proposta
de voltar temporariamente, para trabalhar na empresa de onde havia
pedido demissão. Foram tempos bons aqueles. Pude me sentir útil,
mas não feliz por completo. Minha vida havia dado uma reviravolta
muito grande. Havia perdido a estabilidade pela qual tanto havia
lutado, e o pior é que eu me sentia a única culpada.
Os contatos com o Albert permaneceram, mas eu sentia-me ainda mais insegura. Em meu pensamento, a minha vida estava dependendo dele, e faria tudo para regressar à Alemanha e tentar viver com o Albert, mesmo sabendo que poderia não dar mais certo. Era preciso correr o risco, pois para mim, erroneamente, pensava que já não havia mais o que perder.
Os contatos com o Albert permaneceram, mas eu sentia-me ainda mais insegura. Em meu pensamento, a minha vida estava dependendo dele, e faria tudo para regressar à Alemanha e tentar viver com o Albert, mesmo sabendo que poderia não dar mais certo. Era preciso correr o risco, pois para mim, erroneamente, pensava que já não havia mais o que perder.
O meu regresso ao Brasil, foi em um momento de muita delicadeza e apreensão, pois foi exatamente o período em que minha família e eu presenciamos a decadência na melhora do meu
irmao, que infelizmente veio a falecer alguns meses depois. Foram
dias de muita tristeza para toda a família, mas também foi um
momento de muita reflexao para todos nós. A sua morte, extranhamente
de alguma forma uniu-nos mais. Conversáva-mos mais e havia mais
entendimento.
Após
terem-se passados exatos seis meses no Brasil, e após muitos dias de incertezas e insegurança emocional, viajei novamente para a Alemanha, havia enfim,
conseguido convencer o Albert de que tudo entre nós daria certo.
Aceitei inclusive sua proposta de não ter mais filho, de não mais
casarmo-nos, a pesar de no meu íntimo pensar o contrário. Pensava, que talvez pudesse fazê-lo mudar de idéia, mudar seu temperamento...Minha identidade estava em risco.
Em dezesseis de outubro de dois mil e quatro, desembarcava em Portugal. Nas malas, trazia além de meus pertences pessoais, também a ilusão e a esperança. “Queria ser feliz! Iria ser feliz!” Pensava com bastante determinação.
Em dezesseis de outubro de dois mil e quatro, desembarcava em Portugal. Nas malas, trazia além de meus pertences pessoais, também a ilusão e a esperança. “Queria ser feliz! Iria ser feliz!” Pensava com bastante determinação.
Albert
foi apanhar-me no aeroporto de Frankfurt, e fomos em seguida
para casa. "Nossa" nova casa. "Nosso" novo lar tão desejado. Dessa vez, tudo seria diferente.
Após algumas horas de viagem, chegamos em Dortmund, onde morava o Albert. Desarrumei as malas, e ele bastante carinhoso e com muita atencão, falou dos planos para o futuro e que gostaria que eu *trabalhasse com ele, na firma que havia montado com a ajuda de um amigo. Empolgada, e acreditando em uma melhora no nosso relacionamento, aceitei.
Após algumas horas de viagem, chegamos em Dortmund, onde morava o Albert. Desarrumei as malas, e ele bastante carinhoso e com muita atencão, falou dos planos para o futuro e que gostaria que eu *trabalhasse com ele, na firma que havia montado com a ajuda de um amigo. Empolgada, e acreditando em uma melhora no nosso relacionamento, aceitei.
Os
dias transcorreram com muita harmonia, até que observei que depois
de um mês de minha chegada, Albert outra vez estava diferente, não
havia ido ao departamento de estrangeiros ainda, então supus que a minha
permanência na Alemanha se daria apenas por três meses, pois ele não tinha até então sequer conversado comigo sobre a regularizacão
de minha estada no País. Não havia providenciado para mim, como também
da primeira vez, nenhum *seguro de saúde, o que é essencial na
Alemanha. Sendo
assim, em uma noite, quando nós assistíamos televisão deitados na
cama(não, ele não havia mudado esse costume...), perguntei se poderia desligar a televisão um instante,
pois teria algo importante para conversar com ele. Ele olhou para mim
um pouco desconfiado e a contra-gosto baixou o volume da tv. Então
perguntei o que havia com ele, (inclusive
intimamente não havia nada entre nós), o que estaria acontecendo.
Surpreso com a pergunta, ele disse que estava tudo bem, mas que no
momento não sentia desejo, e que isso já lhe havia acontecido
outras vezes.
Não
satisfeita com a resposta, insistí que ele deveria procurar ajuda
médica, e ele respondeu afobado que eu sabia muito bem
qual a sua opinião sobre os médicos. (Ele não tinha plano de
saúde, pois achava um absurdo ter que pagar dez euros - na época, segundo ele! - a cada
trimestre para poder ser atendido em um consultório médico). Insisti
que isso não era desculpa, e que ele deveria buscar uma solucão ou
procurar ajuda profissional. Permaneceu irredutível. Mas eu
também estava firme e seguí com meus questionamentos, e
perguntei-lhe quais os planos que ele tinha para a minha vida, se é
que havia algum. Albert, assustado com a pergunta, mostrou-se um
pouco inseguro e então me falou que os sentimentos que ele sentira por
mim haviam-se acabado. Não sentia mais a mesma coisa por mim e que
infelizmente não havia o que fazer, que era melhor serem amigos.
Sentí
um frio percorrer pelo meu corpo, ao mesmo tempo era como se o chão se abrisse sob
os meus pés. A respiracão me faltava, e o meu coracão acelerou,
deixando-me sem orientacão. Tudo isso durou uma fracão de segundos,
mas foi como se tivesse durado horas. Após algum tempo, lhe
perguntei se a mãe dele sabia de sua decisão e qual sua opinião
sobre o assunto, e ele respondeu que havia conversado com ela durante
a semana e que ela preferia se manter neutra. Eu, que até então
havia tentado manter a calma, me alterei e lhe falei com rispidez que
ele havia jogado com a minha vida, me tirado do seio de minha
família, de um trabalho fixo e promissor, do convívio com meus
amigos. Lhe disse em tom áspero, que ele não me encontrou na rua,
para simplesmente decidir o meu destino em conversa secreta com a sua
mãe, e me descartar como se fosse nada.
Fiquei
por algum instante em silêncio, e ainda não acreditando no que
havia escutado do Albert, lhe falei mais calma, que era melhor não
nos precipitarmos, que daria pra ele uma semana pra pensar se
realmente era isso que ele queria. Albert concordou, e em seguida
perguntou se poderia almentar o volume da televisão outra vez. Fiquei
perplexa com tanta frieza e falta de sensibilidade.
Desnorteada,
levantei-me, troquei de roupa e enquanto me trocava, Albert perguntou
para onde pretendia ir, pois já era tarde e poderia ser perigoso.
Sem dar muita importância, disse que daria uma volta pra arejar a
cabeca. Saí, sem a menor nocão para onde iria. Peguei a bolsa, o
telefone celular usado, e que tinha o visor quebrado, que ele me
havia “presenteado” e saí, naquela noite fria e chuvosa de
outono. Andei pelas ruas completamente desorientada, e foi então que
resolví telefonar para uma amiga que morava na Suica, em quem tanto confiava,
que com muita paciência, me aconselhou que tivesse calma, pois nada
poderia ser resolvido aquelas horas. Convidou-me a ir para sua casa na
Suica, mas por uma questão financeira, achei melhor não aceitar o
convite e assim, economizar o dinheiro que tinha para o caso de
precisar.
Desesperei-me com a possibilidade de voltar ao Brasil, voltar como uma derrotada. Naquela ocasião, não pensei que retornar, significava ter a minha vida de volta, minha família e amigos. Pensava apenas na humilhacão que seria, ter que explicar aos curiosos e indiscretos o motivo de minha volta.
Naquela noite demorei a voltar pra casa. Entrei em um bar que ficava na rua onde morávamos, queria chorar as minhas mágoas em um copo de chopp. Sentei-me ao balcão do bar, que naquele horário estava razoavelmente vazio. Tomei alguns chopps, conversei com um cliente que havia mostrado interesse por mim, e que finalmente havia tomado coragem para se aproximar e puxar assunto. Mas eu não tinha o menor interesse em me envolver com ninguém, até mesmo porque minha situacão com o Albert não estava nada resolvida. O senhor me convidou para jantarmos juntos no dia seguinte, no mesmo bar, mas eu só confirmei apenas para que ele finalmente me deixasse em paz, e nunca mais nos vimos.
Desesperei-me com a possibilidade de voltar ao Brasil, voltar como uma derrotada. Naquela ocasião, não pensei que retornar, significava ter a minha vida de volta, minha família e amigos. Pensava apenas na humilhacão que seria, ter que explicar aos curiosos e indiscretos o motivo de minha volta.
Naquela noite demorei a voltar pra casa. Entrei em um bar que ficava na rua onde morávamos, queria chorar as minhas mágoas em um copo de chopp. Sentei-me ao balcão do bar, que naquele horário estava razoavelmente vazio. Tomei alguns chopps, conversei com um cliente que havia mostrado interesse por mim, e que finalmente havia tomado coragem para se aproximar e puxar assunto. Mas eu não tinha o menor interesse em me envolver com ninguém, até mesmo porque minha situacão com o Albert não estava nada resolvida. O senhor me convidou para jantarmos juntos no dia seguinte, no mesmo bar, mas eu só confirmei apenas para que ele finalmente me deixasse em paz, e nunca mais nos vimos.
Fui
pra casa já passava da uma da manhã, e o Albert como de costume,
ainda estava acordado, vendo televisão, e disfarçadamente me
esperava. Me troquei e deitei, adormecendo rapidamente. Com a ajuda
das cervejas que havia tomado, nem a televisão me incomodou.
Na manhã seguinte despertei mais tarde, e lembrei-me que dalí
à dois dias, nós tínhamos o compromisso de irmos jantar na casa de
um colega de trabalho do Albert, que era casado com uma brasileira. A
situacão era delicada e eu estava completamente irritada, pois se
nós não tínhamos mais nada um com o outro, porque então continuar a
fazer o papel de namorada? Eu não me achava mais na obrigação, e
então falei para Albert, que reagiu de forma bem agressiva e
mostrando não querer entender as razões que me levavam a desistir
de ir com ele ao jantar. Após discutirmos o dia inteiro, concordei
que iria, mas deixei claro que não queria essa história de fazer de
conta que tudo ia bem entre nós, eu não queria fazer o jogo dele.
Iria apenas o acompanhar como amiga, pelo menos até que se passasse
o prazo de uma semana que eu o havia dado, e ele decidisse se era
isso mesmo que ele queria, viver como amigos.
O
que se sucedeu durante e após o jantar, foram cenas patéticas que
eu já havia premeditado, pois Albert se comportou exatamente como eu
temia, fazendo de conta que ainda éramos um casal apaixonado, me
irritando ainda mais. No caminho de volta pra casa, Albert parecia
ter sido tocado pelo sentimento de romantismo e paixão que o casal
emanava. Fazia planos, como se ele jamais me tivesse dito que não
sentia mais nada por mim. Queria decorar o apartamento e torna-lo
mais harmonioso e aconchegante. A essas alturas já não sabia mais o
que pensar, estava insegura sobre se valeria a pena insistir em uma
pessoa tão instável.
Preferí não me deixar levar pelas emocões e esperei, até que uma semana se passou e durante o jantar, perguntei para Albert se seus sentimentos por mim haviam se reavivado, se nós tínhamos uma chance como casal, como homem e mulher, mas Albert parecia ter voltado ao seu “normal” e estava mais uma vez irredutível, e disse que o que havia decido antes era pra valer, não tinha intencão de mudar de opinião. Já estava decidido. Não suportei ouvir aquilo, afastei meu prato de comida, e sentí minha boca ficar amarga, minha garganta se fechar, me sufocando. Ele perguntou o que havia comigo, e foi então que desabei em prantos. Estava terminado.
*O trabalho para estrangeiros na Alemanha (Europa) sem autorização do Estado é ilegal! Todos os estrangeiros necessitam de permissão, e os que trabalham sem terem essa permissão, caso sejam flagrados exercendo alguma atividade dessa forma, sofrerão as penalidades previstas nas leis do País, e quem emprega também.
*Na primeira viagem à Alemanha, ele falou horrores sobre o sistema de saúde alemão, que hoje sei, é um dos melhores que há na Europa!
segue...
Preferí não me deixar levar pelas emocões e esperei, até que uma semana se passou e durante o jantar, perguntei para Albert se seus sentimentos por mim haviam se reavivado, se nós tínhamos uma chance como casal, como homem e mulher, mas Albert parecia ter voltado ao seu “normal” e estava mais uma vez irredutível, e disse que o que havia decido antes era pra valer, não tinha intencão de mudar de opinião. Já estava decidido. Não suportei ouvir aquilo, afastei meu prato de comida, e sentí minha boca ficar amarga, minha garganta se fechar, me sufocando. Ele perguntou o que havia comigo, e foi então que desabei em prantos. Estava terminado.
*O trabalho para estrangeiros na Alemanha (Europa) sem autorização do Estado é ilegal! Todos os estrangeiros necessitam de permissão, e os que trabalham sem terem essa permissão, caso sejam flagrados exercendo alguma atividade dessa forma, sofrerão as penalidades previstas nas leis do País, e quem emprega também.
*Na primeira viagem à Alemanha, ele falou horrores sobre o sistema de saúde alemão, que hoje sei, é um dos melhores que há na Europa!
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