Donnerstag, 3. Januar 2013

Todos temos uma história...

Seguindo meu coracao...



Aqui, voce conhecerá a minha história, a história de Alessandra, uma jovem de 32 anos, classe média, inteligente, boa aparência, solteira e relativamente bem sucedida, que abandonou a família, os amigos e um bom emprego depois que conheceu um alemão chamado Albert através da internet. Eles se comunicavam em espanhol, pois ela não falava alemão, e ele por já ter sido casado com uma cubana dominava bem o idioma. Após alguns meses de contatos telefônicos e após nos conhecermos pessoalmente e convivermos por duas semanas juntos em Recife, aceitei a proposta dele em mudar pra Alemanha e casar-mos, optando por deixar minha vida para trás,  e viver com ele em seu país de origem. Mas antes de viajar, estudei alemão por três meses, em um curso particular, que eu mesma custeei. 
Mas o que me esperava, nao foi o que eu havia imaginado, uma vida tranquila até que aprendesse o idioma e pudesse me integrar à cultura e aos costumes do país. A minha vida com o meu namorado foi rodeada de mentiras, discussões e incertezas. Viajei duas vezes para a Alemanha: a primeira vez para nos conhecermos melhor e assim vivermos juntos todos os nossos planos de felicidade; a segunda, para insistir em algo que já comecou dando errado, e com um final certo.

Albert viajou ao Recife por duas semanas, para conhecer pessoalmente a mulher que ele dizia ser de sua vida, a mulher com quem fazia tantos planos futuros. No período em que ficamos juntos, ele havia alugado um apartamento pequeno direto na praia de Boa Viagem. Era muito simples e não tinha o menor conforto, como acontece com a maioria dos apartamentos alugados para temporada. Ele insistiu muito para que eu ficasse hospedada com ele naquele período, e alegava que era uma oportunidade que tínha-mos de nos conhecermos mais de perto. Nao serei hipócrita, senti-me bastante desconfortável com aquela situacão, já que ia de encontro aos meus costumes e princípios, pois venho de uma família de certa forma conservadora, e para ter que ficar por duas semanas com ele no apartamento, seria inevitavelmente constrangedor, mas queria romper com aquela barreira dentro de mim mesma e apenas ser feliz com o meu amado no verão, e então aceitei a proposta dele.

* No Brasil, a pesar de nos considerarmos tão liberais, ainda estamos muito longe de sermos ou nos enquadrarmos ao comportamento europeu. O Brasil ainda é muito conservador no que diz respeito à liberdade de expressão em determinados aspectos. Na europa, os jovens não são vistos pelos seus pais como atrevidos por levarem suas namoradas ou namorados para dormirem em suas casas, ao contrário, esse comportamento é visto com muita naturalidade.

Naquela ocasião, havia tirado férias do trabalho apenas para poder viver aquele momento que julgava tão importante em minha vida, e dedicar-me em conhecer mais meu namorado, a pesar de não estar completamente desligada de minha família.
O momento da vinda do Albert ao Brasil, foi para mim um momento de muita expectativa e de difíceis mas determinantes escolhas na minha vida pessoal, pois o meu irmão mais velho encontrava-se muito doente e debilitado, pois era portador do vírus HIV (em estágio avancado!) que o levaria à morte em seis meses. E foi justamente nesse período que descobrí o amor que nutria por ele, e infelizmente era tão tarde para expressar por palavras, mas o fiz em gestos. Cuidei dele com todo o meu coracao. Mas mesmo assim, com tanto estresse dividi o tempo com meu namorado e aos cuidados que dedicava ao meu irmão, pois sabia dentro de mím, que ele logo partiria. Eu tomava o café da manhã com Albert, e combinava com ele que nos encontraríamos à tarde na praia, e assim transcorreram-se alguns dias. Enquanto eu estava ausente, Albert passava o dia na praia, pois era muito expontâneo e comunicativo, além do que, falava perfeitamente espanhol, por isso não tinha muitas dificuldades em manter contato com as pessoas que frequentavam aquele local, que era exatamente um dos pontos onde os turistas se concentravam. Então foi ali, que ele conheceu um outro alemão que já era bastante conhecido na área. Através dele, conheceu também algumas prostitutas, ou garotas de programa, como preferiam ser chamadas, com as quais passava o tempo na praia conversando, enquanto eu não retornava.  


No pouco período de tempo em que Albert passou comigo em Boa Viagem, eu tive a oportunidade de conviver e de certa forma fazer parte de um mundo ao qual não pertencia. Um mundo que só tinha nocão da existência através dos meios de comunicacão. O vai-e-vem das muitas prostitutas que circulavam por lá. Muitas delas ainda muito jovens, que não tinham sequer alcancado a maioridade. Algumas meninas de rua que se prostituiam e se drogavam à luz do dia. Conhecí e tive muita proximidade com uma garota de programa (ela insistia em não ser chamada de prostituta), e o fato de ela vender o seu corpo, não me incomodava, pois não conhecí apenas a profissional que frequentava a praia, conhecí o ser humano que existia por trás dela. Margarida* era mãe de quatro filhos, e nenhuma gestacão havia sido planejada, cada um de um pai, e não vivia com nenhum deles. A filha mais nova tinha pouco mais de um ano e era filha de um estrangeiro com o qual havia saido algumas vezes, e sempre que ele retornava ao seu “reduto de férias" eles se encontravam sem o menor problema. Era uma mulher jovem, mas experiente na vida.
Margarida*, sempre que chegava à praia era muito alegre e descontraída, e conhecia todos por alí, e todos a conheciam, claro. Havia passado algum tempo na Alemanha e por isso falava um pouco alemão. Ela, por conhecer todas as meninas que “trabalhavam” por alí, conversava comigo e me falava das experiências de vida de cada uma delas. Era triste, e o pior: era real!

 

Apesar de eu estar com Albert em uma área onde era normal ser frequentado por prostitutas, cafetões e cafetinas, nunca fui molestada ou maltratada de forma alguma. Ao contrário, fui respeitada em minhas atitudes e comportamento, pois também respeitava as atitudes e comportamentos das pessoas dali. Mas mesmo não tendo passado por nenhuma situacão constrangedora, em meu íntimo me sentia sim, como um peixe-fora-d’agua. Era muita informacão de uma só vez, era muita “realidade” para ser digerida, entendida e trabalhada em minha cabeca de uma só vez. Já o Albert, se sentia confortável e não mostrava o menor interesse em mudar seus hábitos ou de deixar de frequentar aquele local.

Em uma das vezes que lá estávamos, era um domingo de sol, e não pude deixar de observar o movimento das mocas e rapazes que ali chegavam, normalmente a partir do meio dia, que era quando comecava o dia para aquelas pessoas, depois de descansarem das “festinhas” e “farras” da noite anterior. Um pouco mais afastadas, mas mesmo assim bem direto no foco, sentavam-se duas mulheres. Uma delas era já uma senhora de mais ou menos quarenta e cinco ou cinqüenta anos, e ao seu lado uma adolescente, aparentando uns dezesseis ou dezesete anos de idade, bem bonita por sinal.  As duas observavam o movimento das pessoas dali, e a senhora mais velha, que depois confirmei que se tratava da mãe da adolescente, não fazia a menor questão em ser discreta, quando sinalizava para a filha os “gringos” que estavam na praia naquele dia, e que não eram adolescentes ou jovenzinhos, mas sim senhores de no mínimo cinqüenta anos. A princípio, pensei que a mãe estaria interessada em encontrar um namorado para si, que fosse rico (era assim que idealizavam um namorado estrangeiro), morassem em uma bela casa, a levasem para jantar regularmente, lhe comprassem roupas, sapatos, jóias...e por fim, a convidasse para ir embora com ele para seu país de origem, e assim vivessem felizes para sempre. Uma espécie de prícipe dos tempos modernos, que as livrassem dos problemas sociais do dia-a-dia, da miséria, da moradia precária, do desemprego, e tantos outros fatores que servem como desculpa para buscar uma solucão na beira da praia, como uma espécie de válvula de escape na resolucão das questões de cunho financeiro. Tudo isso seria perfeito, se se tratasse apenas de uma história dos livros de contos de fadas, mas a realidade às vezes tem um preco muito alto!


segue...




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Um Conto Corrido

07:30 - O Telefone -Alô! -Mãaaae!! Esqueci a mochila de esporte na parada do ônibus! -Corre por favor antes que alguém pegue! -E onde vc est...