Freitag, 4. Januar 2013

Tantas "Joanas"




O dia transcorreu como sempre, cheio de espectativas para mim, pois aquele alvoroco de mocas e rapazes me deixava de ouvidos e olhos mais abertos que o normal, e não queria perder nenhum lance, nenhum zum-zum-zum, nenhuma cena daquele dia, que prometia. Pois foi o que aconteceu, através da Margarida* fiquei sabendo que a mãe não queria um namorado, mas estava tentando arranjar um casamento “vantajoso” para a sua filha, e se a jovem se desse bem, ela claro, também sairia ganhando, e sua filha estaria com o futuro “garantido”. O que eu observei naquela situacão, é que a mãe não se importava se o tal “pretendente” de sua filha era muito mais velho que ela, ou se estava acompanhado ou não, pois nem o Albert fugiu aos olhares insinuantes das duas mulheres. Um universo muito distinto do meu. Fiquei um pouco perturbada em saber daquilo. Em meu mundo, os pais incentivam os filhos a estudar pra terem uma vida digna. Mas o que vi, era uma mae incentivando sua filha a prostituir-se, o que foge completamente aos padrões normais, ao verdadeiro sentido da palavra educar. Como na ocasião, ainda hoje procuro analisar aquela situacão do ponto de vista social, e não emitindo julgamentos ou menosprezando aqueles dois seres humanos, que eram apenas vítimas de sua própria ignorância.
Aquela imagem das duas à beira da praia nunca me saiu da cabeca...   
 
Entre tantas “vivências” e curiosidades daquele local, uma que muito me chamou a atencão, era que havia uma prostituta bastante jovem, uma moca lindíssima, da qual a Margarida* era uma espécie de “protetora”, de “conselheira”. Ela era ainda menor de idade, e como a maioria delas, também não tinha a escolaridade completa, ou em muitas vezes, até mesmo nenhum grau de escolaridade. Essa jovem, tinha quatorze anos e era a filha mais velha de uma família pobre de cinco filhos, todos moravam em um barraco, com um só vão, em uma comunidade pobre em Prazeres, Jaboatão dos Guararapes. A mãe dela contava com a ajuda da Margarida* para proteger a sua filha nas ruas e da violência diária. Ela passava muitos dias fora de casa, e retornava levando algum dinheiro para ajudar a sua mãe na criacão dos seus irmãos mais novos. Dinheiro esse ganho com a prostituicão. A jovem, era de uma beleza impressionante, que mesmo as marcas do sofrimento, do sol diário na praia, da pobreza e humildade estampados em seu rosto e no corpo, não poderiam ofuscar. 
Alí, muitas das garotas de programa ou prostitutas, não tinham sequer alcancado a maioridade, mas já tinham alcancado muitas milhas em seus vôos internacionais. Já haviam cruzado o oceano Atlântico tantas vezes se podia imaginar, com destino à Europa.
A linda jovem, a qual darei o nome fictício de “Joana”, havia chegado recentemente da Itália, onde havia passado um bom período. Trazia consigo um álbum de fotografias. Como estava na companhia da Margarida*, tive a oportunidade de ter esse álbum em minhas mãos, e pude ver com meus próprios olhos do que se tratavam aquelas fotos. A moca havia sido fotografada em roupas íntimas, em poses sensualíssimas, quase eróticas, eram roupas íntimas de muito bom gosto, em vários modelos e cores diferentes, e que não escondiam as intencões por trás do fotógrafo.
“Joana” aparecia sentada em uma poutrona luxuosíssima, em poses que pareciam copiadas de modelos de revistas direcionadas ao público masculino. As fotos foram feitas em um terraco superior, em uma casa que dava a entender que era uma mansão, e que pela riqueza da decoracão e do bom gosto nos móveis, notáva-se que o seu proprietário tinha bastante dinheiro. Em uma das fotos, aparecia um senhor de cabelos brancos, gordo, com uma barriga bastante saliente, em trajes íntimos e aparentando no mínimo sessenta anos. Idade, para ser avô daquela adolescente. No álbum, havia muitas fotos em que dava a entender que a jovem parecia ter conhecido muitos lugares diferentes, vestindo roupas de fina aparência, e mostrava-se encantada, ou talvez sentía-se realizada de alguma forma.

Havia passado três meses na companhia daquele senhor, e sendo tratada da forma que só ela mesma sabe. Para as suas viagens, a sua mãe havia assinado documentos de autorizacão, considerando que pela sua idade, não poderia decidir por sí só. Dentro de sua ignorância, ao assinar aquele documento, sua mãe, consciente ou inconscientemente dava a liberdade quase que diretamente para que sua filha se prostituísse no exterior.

“Joana” mostrava o seu álbum às suas colegas e transparecia estar muito orgulhosa, como se fosse um troféu conquistado. Mas, além das fotos, o que mais essa jovem trouxera em sua viagem de volta à realidade? Pois encontrava-se outra vez à beira da praia, onde trabalhava como prostituta, garota de programa ou seja lá qual for o nome que queira-se dar ao ato de vender o corpo.

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